sábado, março 22, 2008

Carta de Jesus morto e ressuscitado para ti (neste caso, para nós)

"Quero confidenciar-te uma palavra pessoal, neste tempo de Páscoa que porventura ainda celebras, ou que apenas evocas indirectamente nas amêndoas cuja tradição manténs.
A minha Pácoa não é bem aquilo que muitos imaginam, quando se deixam emocionar com exageradas imagens, ou questionar por uma interpretação vingadora do mal.
Se subi a Jerusalém para sofrer a paixão - com resistência e escândalo dos meus discípulos - não foi para satizfazer a justa ira dum Deus indignado, mas para me solidarizar com a Mirsericórdia dum Pai Divino, que, ao longo da história, sempre se revelou como Alguém que acompanha o destino trágico do seu Povo e deseja libertá-lo e salvá-lo.
Por essa morte que sofri, quis assumir com o Pai cada uma das fragilidades ou desencantos, injustiças ou frustrações, doenças ou sofrimentos, percas pessoais ou lutos, rupturas dolorosas ou dúvidas penosas, que já experimentaste na tua vida e que são a tua quota-parte nesse rosário quotidiano de infortúnios e iniquidades, fomes e abandonos, guerrilhas e prepotências, explorações e violências, que tecem a vida de tanta gente...
Foi para me cruzar com cada um e hoje contigo, como o bom samaritano que socorre e cura, ou o companheiro de Emaús que escuta e consola, que aceitei aquela paixão. Se subi a Jerusalém, foi para vencer a morte no seu campo, porque é insuportável para o coração do Pai Divino assistir impassível ao drama dos seus filhos.
Aminha obidiência ao seu propósito de salvação, não é senão uma cumplicidade de sentimento, que me levou a partilhar com Ele essa entrega de Vida feita no Calvário e a abrir como Ele o coração, para que o Espírito que dá a Vaida te inundasse a ti e a todos.
Assim, a minha ressureição não é o prémio duma boa acção, mas o significado profundo da paixão que sofri.
Na minha morte eras tu que estavas a ser renegado, eras tu que estavas a ressuscitar como filho pródigo acolhido, eras tu que recebias o sentido de vida e a missão criadora, que hoje te pode animar pelo Espírito que te deixei.
Por isso cada vez que aceitas comigo a cruz onde sacrificas o amor próprio, é a minha Paixão que se renova na tua vida; e cada vez que, pela conversão de vida, te deixas conduzir pelo Espírito, é a minha ressureição que irradia na tua existência."

Texto: Padre Carlos Paes

É bonito não é? Pensem nestas palavras...
Indentificas te com elas? O que significam para ti?
Existem tantas perguntas e respostas que podemos encontrar neste texto... É só deixar fluir a imaginação e descobrir que este texto existe tanto à nossa volta que, por vezes nem reparamos porque pensamos só no nosso nariz.
Podemos fazer tanto com tão pouco... Lembram-se dos serviços que fizemos? Os mais recentes... Na Polónia, em Mafra, simplesmente ouvir as histórias e experiências dos presos do Estabelecimento Penitensiário de Sintra, na Comunidade Vida e Paz e tantos outros que estão por de trás que por vezes nos lembramos dos bons momentos e de como nos sentimos no final. Sentira já a sensação do "Queremos repetir já" e do "Quem aposta numa 2ª ronda?". Fica sempre presente aquela frase: "Deixa o mundo sempre um pouco melhor do que encontras-te", deixa a tua marca nos outros, mostra o que tens de especial e puro.

Felicidades! Uma Boa Páscoa!

Débora

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